Surpreendente a cada esquina, é impossível não se contagiar com a intensidade do Vietnã, com as belezas naturais e cultura vibrante do país.
Depois dos dias intensos em Hanói e descobrindo as riquezas naturais de Halong Bay, seguimos para Sapa, cidade ao norte quase na divisa com a China e famosa por seus terraços de arroz
SAPA


Com relevo acidentado, clima mais frio e presença de diversos grupos étnicos que vivem nas montanhas, Sapa oferece várias opções de trilhas com passagem por vilarejos de diferentes tribos. Apesar de ser um destino bastante turístico, o que implica em exploração de crianças, mendigagem pelas ruas, etc; a região possibilita o contato com a cultura local em meio a uma natureza exuberante.
De lá, retornamos para Hanói e com uma passagem de ônibus com direito a várias paradas no período de um mês (Open Bus), decidimos nosso roteiro até o extremo sul do país: Hue, Hoi An, Nha Trang e Ho Chi Min, passando pelo Delta do Mekong.
HUE
Elegemos a bicicleta como nosso principal meio de transporte para explorar as cidades por onde passamos no Vietnã. Pedalando por Hue nos encantamos com a deliciosa panqueca panh xeo, feita com farinha de arroz e camarões, com a beleza da pagoda Thien Mu e do Rio Perfume e com a grandeza da cidadela de Hue, construída no século XVII.
HOI AN


Em Hoi An, nos apaixonamos pelo contraste de paisagens. A cidade litorânea, considerada uma das mais românticas do mundo, é banhada pelo Rio Thu Bon e combina praia, campos de arroz e uma arquitetura charmosa com influência chinesa, japonesa e francesa. Tudo isso ganhando um destaque ainda mais especial com a iluminação das lanternas coloridas fabricadas artesanalmente na região.

NHA TRANG
Chegando ao balneário de Nha Trang nos sentimos na Rússia. A praia é dominada por russos e os cardápios têm sempre uma versão em russo. Talvez eles estejam por todos os lados pela aliança entre os países – Nha Trang tem uma base naval da Rússia, ou pelos baixos custos do local que possui ainda uma infra-estrutura moderna com resorts, etc e até voos diretos para Moscow.
As águas limpas numa tonalidade azul escuro também confirmam que o Vietnã tem praias belíssimas. Mui Ne é outra região litorânea bastante procurada e Phu Quoc é uma das ilhas paradisíacas do país com águas claras.
HO CHI MINH
Quase completando 1 mês de viagem chegamos em Ho Chi Minh. Visitamos o tradicional mercado da cidade, a catedral de Notre Dame e conhecemos um templo Hindu no centro. Mas nosso objetivo era outro. Queríamos saber mais sobre o passado da guerra do Vietnã, que se estendeu de 59 até 75 e que matou cerca de 3 milhões de vietnamitas sendo 2 milhões de civis segundo levantamentos do país. O volume de bombas lançado sobre o Vietnã, para se ter uma ideia, corresponde a mais do que o dobro das operações durante a segunda guerra mundial.
Começamos pelo Museu da Guerra e além das armas e tanques expostos, o museu conta com um acervo de fotos impressionantes como a icônica imagem de Nick Ut da menina Kim Phuc em 1972, atingida por napalm. Além disso, numa ida ao parque de Cu Chi, tivemos a experiência de entrar num dos túneis utilizados pelos vietcongues e conhecer algumas das armadilhas usadas nas florestas durante a guerra.

Nos despedindo do Vietnã, fomos ao teatro municipal, também conhecido como Ópera de Saigon e um dos mais lindos que já estive, assistir ao espetáculo de circo A O Show, que mistura história e cenas do cotidiano do Vietnã em performances artísticas emocionantes. Depois, comemoramos nossa última noite no Saigon bar, que fica na cobertura do hotel Caravelle, onde correspondentes de guerra se encontravam.
Saigon ganhou o nome de Ho Chi Minh em abril de 1975, quando tropas comunistas vindas do norte invadiram a cidade colocando um fim oficial ao conflito. O nome da metrópole é uma homenagem ao ex-líder comunista do Vietnã responsável por derrotar os Estados Unidos e instaurar o comunismo no país. No entanto, o velhinho barbudo se reviraria na tumba se visse que a cidade que leva o seu nome se transformou em nada menos do que um símbolo fiel do capitalismo.

Ho Chi Minh exalta o contraste entre o liberalismo econômico e o autoritarismo político. Bandeiras da foice e do martelo e cartazes com imagens comunistas de camponeses dividem espaço com arranha céus, shoppings centers e lojas de grifes.
Como me disse um comerciante, “Hoje a gente não pode falar muito, mas o povo aceita porque pelo menos tem o que comer”. O país vem superando o passado de guerras, conflitos e fome com uma economia que cresce a passos largos graças a uma recente abertura de mercado. Mesmo assim, o Vientã ainda é uma das poucas nações do mundo paradoxalmente comunista.

Ao final da viagem, já viciadas no café vietnamita com gelo e leite condensado, demos adeus ao Vietnã. Um país que nos mostrou a força de um povo guerreiro e batalhador, marcado por guerras e conflitos mas que a cada dia se reinventa com bom humor.
