Chiang Mai: O norte místico da Tailândia

Chiang Mai tem quase mais estrangeiros andando por suas ruas do que locais. Não é para tanto mas a segunda maior cidade da Tailândia e a mais conhecida do norte do país recebe inúmeros turistas todos os dias que chegam de avião, ônibus ou trem. Muitos nômades digitais ou europeus aposentados também já residem por lá. Depois que passamos um mês vivendo na cidade acho que entendo o porquê.

Thapae GateOs transportes mais comuns para se locomover em Chiang Mai são os tuk tuks e os carros vermelhos que cumprem o papel dos ônibus coletivos.  

Entre todas as comodidades e infra-estrutura que uma grande cidade oferece, Chiang Mai tem um custo de vida baixo e ainda mescla a atmosfera de uma cidade calma que transborda cultura e espiritualidade com uma natureza exuberante de uma região de montanha.

Com cerca de 1 milhão e 600 mil habitantes, Chiang Mai está situada a 800 km ao norte de Bangkok e possui um centro histórico murado dentro de um quadrado que lembra as antigas cidades medievais. O muro hoje delimita uma área em que ficam localizados os principais templos da cidade, hotéis e pousadas, além do Sunday Market: uma extensa feira de rua ao ar livre que acontece aos domingos onde se vende de tudo, de comida até artesanatos locais.

IMG_2423.JPGSunday Market revela a diversidade da cultura local. 

dança típica da tailândiaApresentação de dança típica tailandesa no Night Bazar. Movimentos com as mãos têm destaque. 

Outro ponto de comércio tradicional na cidade é o Night Bazar mas não é só pelos seus mercados que Chiang Mai encanta seus visitantes. As atrações turísticas da região são muitas e incluem visitas à templos – a cidade tem centenas, cursos de culinária tailandesa, trilhas na floresta, rafting, passeios com elefantes, visitas à diferentes tribos das montanhas, etc.

Tem também aqueles programas armadilhas que envolvem elefantes que pintam quadros ou tigres estranhamente mansos (ou dopados) que pousam ao lado de turistas para fotos. Não recomendamos!

IMG_2858.jpgO Wat Phra That Doi Suthep fica no alto de uma montanha e começou a ser construído em 1386.

Nós gostamos muito de conhecer o templo de Doi Suthep, que sem dúvidas foi um dos mais bonitos que vimos na Tailândia assim como o White Temple, localizado na cidade vizinha de Chiang Rai. Também foi uma ótima experiência fazer um curso de culinária tailandesa vegetariana.

Uma das melhores coisas que fizemos e que talvez tenha sido um dos dias mais felizes das nossas vidas foi cuidar de elefantes em um santuário. Lá os visitantes não andam em cima dos animais, apenas os alimentam e dão banho. É incrível como eles são dóceis apesar do tamanho!

IMG_3010.jpgNany tratando família de elefantes no Dumbo Elephant Spa.  

Visitamos ainda a tribo das karen “long neck”, refugiadas de Myanmar e conhecidas por usarem argolas de bronze no pescoço. Passamos uma noite com elas na tribo e apesar da comunicação ter sido difícil por causa do idioma, brincamos muito com as crianças e interagimos com as mulheres e com as jovens para tentar entender um pouco de uma  realidade que até então só conhecíamos através de documentários da National Geographic.

Conta-se que as muIMG_3882.jpglheres usavam essas argolas no passado por diferentes motivos. Um deles seria para se protegerem contra ataques de tigres, outro por simplesmente se tornarem mais belas.

De qualquer forma, as pesadas argolas que vão aumentando de volume com o passar dos anos e que são colocadas nas meninas a partir dos 5 anos de idade, não alongam o pescoço se não que deformam a caixa torácica das mulheres.

Ainda não conseguimos compreender a perpetuação dessa tradição e nos questionamos muito sobre essa cultura de origem patriarcal assim como sua ampla exploração pelo turismo.

Além desse aspecto exótico de Chiang Mai, gostamos de passar os dias pedalando por suas ruas e descobrindo seus pequenos tesouros aos poucos. Encontramos lugarzinhos com comida de rua boa e barata, conhecemos pessoas legais, artistas talentosos, vimos verdadeiras lutas de muay thai e meio sem querer depois de uma conversa ao acaso com um monge num templo qualquer, fomos parar num retiro de meditação que foi um dos pontos altos da viagem.

Visitamos tantos templos que pensamos que deveríamos saber mais sobre o budismo já que ficamos num país em que 90% da população se considera budista e pouca coisa sabíamos sobre isso. Até porque pela primeira vez na vida estávamos em um país em que o cristianismo representa uma minoria da população e que o conceito de divino é totalmente diferente.

12901373_1077944908922715_9004403767303832634_oRetiro de meditação da MCU University em Chiang Mai é mantido por doações.

O retiro é organizado pela universidade dos monges de Chiang Mai, conhecida como MCU University e recebe pessoas do mundo inteiro interessadas em meditar. Foram dois dias intensos de silêncio em um ambiente calmo em meio a natureza onde aprendemos e praticamos diferentes técnicas de meditação e conhecemos um pouco mais da filosofia budista.

Toda essa imersão foi de encontro com um dos objetivos da viagem que é justamente essa busca e vivência espiritual. E o norte da Tailândia, ainda mais do que o restante do país,  inspira e desperta esse lado místico.

2 comentários sobre “Chiang Mai: O norte místico da Tailândia

    1. Hey Lis, que bom que está gostando do blog! A viagem está sendo incrível mesmo e um dos principais motivos acho que é justamente essa forma que escolhemos de viajar, sem pressa e com flexibilidade nos planos. Em breve mais posts do Laos! Um beijo querida.

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